No dia 14 de junho o Ministério da Saúde confirmou a ocorrência de três óbitos por febre maculosa em Campinas (SP), referentes a um surto. No Brasil, já foram confirmados 53 casos da doença em 2023, dos quais oito resultaram em óbitos. A maior concentração dos casos foi verificada nas regiões Sudeste e Sul.
A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável, que se não tratada adequadamente, pode evoluir para quadros graves e levar a pessoa à morte.
Agente etiológico
Bactéria do gênero Rickettsia, sendo que duas espécies estão associadas à febre maculosa, porém a que leva ao quadro grave da doença é a Rickettsia rickettsii.
Principais vetores
Qualquer espécie de carrapato. Animais como a capivara e o gambá têm importante participação no ciclo da transmissão da doença, pois podem transportar carrapatos potencialmente infectados.
Transmissão
Pode ocorrer nos seguintes casos:
- Picada do carrapato infectado pela bactéria do gênero Rickettsia;
- Retirada do carrapato infectado e aderido à pele com as mãos desprotegidas;
- Quando o carrapato é esmagado com as unhas, ação que pode expor a hemolinfa dos que estão infectados.
Período de incubação
Dois a 14 dias (média de sete dias) após a picada do carrapato. Entre o 2° e o 6° dia surge o exantema maculopapular (com predomínio nos membros inferiores, podendo acometer região palmar e plantar). Embora esse seja o sinal clínico mais importante, ele pode estar ausente, o que dificulta o diagnóstico e tratamento, determinando maior letalidade.
Sintomas
- febre alta
- dor de cabeça intensa
- náuseas e vômitos
- diarreia e dor abdominal
- paralisia dos membros que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando parada respiratória
- dor muscular e articular
- gangrena nos dedos e orelhas
- hiperemia conjuntival
- aparecimento de manchas vermelhas nos punhos e tornozelos, que não coçam, mas que podem aumentar em direção às palmas das mãos, braços ou solas dos pés.
Tratamento
É feito com antibiótico específico. O de primeira escolha é doxiciclina em todos os casos suspeitos, independente da faixa etária e da gravidade da doença. Cloranfenicol é preconizado como alternativa.
Duração do tratamento
Sete dias, devendo ser mantido por três dias após o término da febre.
A partir da suspeita clínica de febre maculosa, o tratamento com antibióticos deve ser iniciado imediatamente, mesmo antes do resultado laboratorial.
Não é recomendada antibioticoterapia profilática para não doentes que tenham sido picados recentemente por carrapatos, uma vez que pode mascarar o início dos primeiros sintomas.
Prevenção
A prevenção da febre maculosa é baseada no impedimento do contato com o carrapato.
- Usar roupas claras e que cubram todo o corpo;
- Evitar andar em locais com grama ou vegetação alta;
- Usar repelentes de insetos;
- Verificar se você e seus animais de estimação estão com carrapatos;
- Se encontrar um carrapato aderido ao corpo, removê-lo com pinça;
- Não apertar ou esmagar o carrapato. Depois de remover o carrapato inteiro, lavar a área da mordida com álcool ou sabão e água.
- Após a utilização, colocar todas as peças de roupas em água fervente para a retirada dos insetos.
Orientação
O farmacêutico deve estar atento aos sinais que evidenciam caso suspeito:
febre de início súbito, cefaleia, mialgia e história de picada de carrapatos e/ou contato com animais domésticos
e/ou silvestres e/ou ter frequentado área sabidamente de transmissão de febre maculosa, nos últimos 15 dias.
Durante os primeiros dias da doença, os sintomas são parecidos com outras, como leptospirose, dengue, hepatite viral, entre outras o que torna difícil o diagnóstico. Por isso é importante a anamnese do paciente (avaliação dos fatores de risco e epidemiológico dos últimos 14 dias), porém para confirmação são necessários exames específicos, como reação de imunofluorescência indireta, exame de histoquímica, técnicas de biologia molecular, isolamento da bactéria.
Assim que surgirem os primeiros sintomas, é importante procurar uma unidade de saúde para avaliação médica.
Todo caso de febre maculosa é de notificação obrigatória às autoridades locais de saúde.
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Febre maculosa. Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/febre-maculosa>. Acesso em 16 jun. 2023.
BRASIL. Ministério da Saúde. Sobre o surto de febre maculosa em Campinas (SP). Disponível em: <https://www.gov.br/saude/pt-br/canais-de-atendimento/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/2023/sobre-o-surto-de-febre-maculosa-em-campinas-sp>. Acesso em 16 jun. 2023.
PARANÁ. Secretaria da Saúde. Febre maculosa. Disponível em: <https://www.saude.pr.gov.br/Pagina/Febre-Maculosa>. Acesso em 16 jun. 2023.
PARANÁ. Secretaria da Saúde. Nota Técnica n° 001/2019 – Febre Maculosa Brasileira CID 10: A77.0. Disponível em: <https://www.saude.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2020-04/nt_001_febremaculosa.pdf>. Acesso em 16 jun. 2023.