O Hospital Pequeno Príncipe impressiona por seus números, pioneirismo e atuação, mas transformar a vida de crianças e adolescentes é o que o torna referência em todo país
O profissional de Farmácia sempre esteve presente nas equipes de assistência do maior hospital pediátrico do Brasil, o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, que este ano completa 100 anos. Atualmente, os farmacêuticos atuam em vários setores e estão presentes em todas as unidades do Complexo Pequeno Príncipe, que abrange, além do Hospital, as Faculdades e o Instituto Pequeno Príncipe.
Por ser pediátrica, a Farmácia do Hospital possui uma demanda maior comparada a outros hospitais, já que fraciona mais de 2,3 mil doses por dia, entre medicamentos e quimioterápicos. Cerca de 75% das prescrições que chegam à unidade são para fracionamento. Ou seja, já saem na dose exata que o paciente precisa tomar. “Nosso foco é a segurança do paciente, em muitos casos não existe doses adequadas ao público pediátrico e por isso, as doses dos medicamentos administrados são conferidas por um farmacêutico”, esclarece a coordenadora da Farmácia do Hospital Pequeno Príncipe, Dra. Julliana Bassani. Com 81 profissionais, dez deles farmacêuticos, a área auxilia diretamente na assistência ao paciente e está relacionada a todos os processos que envolvem o medicamento, desde a seleção, compra, armazenamento, manipulação e dispensação do material.
Também há os residentes de Farmácia, que se dedicam essencialmente à Farmácia Clínica. Eles participam do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Criança e do Adolescente oferecido pelo Hospital, em parceria com as Faculdade des Pequeno Príncipe. Estes profi ssionais atuam no suporte à beira do leito, acompanhando as prescrições de medicamentos feitas aos pacientes que estão internados nas UTIs e aos pacientes do Serviço de Oncologia. Com isso, o farmacêutico repassa às equipes de assistência informações a respeito dos medicamentos, sua dosagem, interação medicamentosa e com alimentos, reações adversas, entre outros.
Além disso, todas as prescrições de antibióticos, antifúngicos e antimicrobianos feitas pelos médicos aos pacientes internados são avaliadas por um farmacêutico, com o objetivo de evitar a resistência bacteriana, considerada uma ameaça global à saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Todo esse trabalho é acompanhado pelo Núcleo de Pesquisa Clínica, criado em janeiro de 2010, em parceria entre o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe e o Hospital Pequeno Príncipe, para acompanhar os estudos clínicos que ocorrem na unidade hospitalar. As pesquisas visam o avanço no tratamento de doenças e contribuem para o aprimoramento do conhecimento médico e do prognóstico, mantendo a segurança e o bem-estar dos pacientes como prioridade.
Segundo a coordenadora do Núcleo e dos residentes e membro do Grupo de Trabalho Técnico de Farmácia Hospitalar e Clínica do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná (CRF-PR), a farmacêutica, Marinei Campos Ricieri, a pediatria é uma das especialidades mais complexas, por conta da diversidade de faixa etária e os aspectos fi siológicos que isso envolve, onde o profissional está mais suscetível ao erro de prescrição. “Por isso, o papel do farmacêutico é essencial. Não temos como trabalhar hoje sem um farmacêutico”, diz.
O diretor clínico do Hospital, Dr. Donizetti Giamberardino, explica que o papel do farmacêutico na dispensação e controle de prescrições sempre foi de muita importância. “Desde 1996, quando se instituiu a Farmácia com dose unitária, trazendo o fracionamento seguro de medicamentos e ao mesmo tempo as manipulações de medicamentos de doenças complexas, seja na área da Oncologia, erros enzimáticos e de metabolismo e infusões em geral”, complementa.
Faculdades Pequeno Príncipe
Além dos farmacêuticos do seu quadro, a unidade educacional, a Faculdades Pequeno Príncipe forma farmacêuticos em sintonia com as exigências do mercado, na qual os profissionais serão capazes de atuar em todo o âmbito da profissão de forma ética e solidária. A unidade também preza pelo ensino numa perspectiva humanista, com capacidade crítica e reflexiva para o exercício das atividades. Entre os projetos de extensão atualmente ofertados pela instituição, está o de Farmácia Clínica. Iniciada em 2016, a proposta realiza o acompanhamento farmacoterapêutico e laboratorial de estudantes e colaboradores do Complexo Pequeno Príncipe em relação a doenças crônicas como diabetes e hipertensão.
A Faculdades oferece também pós-graduação nesta área, que capacita os profissionais para a prática da farmácia clínica no âmbito hospitalar e da farmácia comunitária, com foco na eficácia terapêutica com o mínimo de riscos ao paciente, atravésdo aprofundamento em farmacologia clínica, que permitirá o acompanhamento farmacoterapêutico adequado de cada paciente. Formar farmacêuticos numa perspectiva humanista, com capacidade crítica e reflexiva para o exercício de atividades em todo o âmbito profissional, ou seja, referente aos fármacos e aos medicamentos, às análises clínicas e toxicológicas e ao controle,
produção e análise de alimentos, dirigindo a sua atuação para a transformação da realidade em benefício da sociedade.
Para a coordenadora da Farmácia do Hospital Pequeno Príncipe, Dra. Julliana Bassani, a especialidade em farmácia hospitalar exige que o profissional tenha um perfil multidisciplinar, unindo, muitas vezes, habilidades da carreira de farmacêutico gestor e farmacêutico clínico, com conhecimentos básicos de administração, habilidade para coordenação e liderança, além de conhecer as ferramentas de gestão da qualidade.
Há 100 anos, o Hospital Pequeno Príncipe transforma a vida de crianças e adolescentes de todo país. Com até 70% da sua capacidade de atendimento destinada ao SUS, destaca-se pelo contínuo aprimoramento técnico-científi co, integralidade e humanização no cuidado, interação com a família, equidade e inovação.
Maior hospital pediátrico do Brasil e precursor de políticas públicas, realiza, por ano, mais de 300 mil atendimentos ambulatoriais e destaca-se em procedimentos de alta complexidade, como transplantes. Além disso, é um tradicional centro formador de pediatras no Brasil.
Pioneiro no reconhecimento da educação e cultura como direitos fundamentais das crianças e adolescentes, o Pequeno Príncipe, construído pelas mãos de voluntários, oferece o acompanhamento escolar para os pacientes em tratamento na instituição e também promove experiências culturais e artísticas diversificadas, tornando o tempo de internamento uma oportunidade de inclusão sociocultural.
O Complexo Pequeno Príncipe engloba, além do Hospital, a Faculdades Pequeno Príncipe, criada em 2003, que se transformou em uma das mais importantes instituições dedicadas exclusivamente ao ensino da saúde no país, e o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, em funcionamento desde 2006. Com o investimento na assistência, no ensino e na pesquisa, o Pequeno Príncipe prova que é possível combater a mortalidade infantojuvenil.
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