O vírus da hepatite C foi mapeado em 1989 nos Estados Unidos. O teste só passou a existir no Brasil em meado dos anos 1990. Soma-se a isso o fato de que a hepatite C é uma doença silenciosa: anos se passam e o vírus, sem avisar, pode levar à cirrose e ao câncer hepático.
Ainda, antes usava-se seringa de vidro no Brasil e agulha reutilizável -- o que contribuiu para a disseminação do micro-organismo. Seringa de plástico só veio depois.
Com tudo isso, muita gente ainda pode ter o vírus da hepatite C sem saber: no caso, 1,5 milhão de pessoas, segundo dados de 2016 do Ministério da Saúde.
E foi esse cenário de desconhecimento que estimulou o lançamento de campanha para a detecção precoce de hepatite C nesta sexta-feira (25) em São Paulo. A iniciativa é da Sociedade Brasileira de Hepatologia e da Sociedade Brasileira de Infectologia.
Também, segundo o especialista, diabéticos devem fazer o teste. Isso porque a hepatite C tem uma relação íntima com a doença: portadores do vírus têm quatro vezes mais chance de desenvolver diabetes tipo 2.
"Não se sabe muito bem ao certo a relação, mas acredita-se que a hepatite C contribui para a resistência à insulina", explica Lopes.
Como a hepatite C é transmitida pelo sangue, também usuários de drogas injetáveis e aqueles que possuem percings e tatuagens também podem ter sido expostos ao vírus caso material descartável não tenha sido usado.
O que é a hepatite C?
A hepatite C é uma lenta e gradual inflamação do fígado que, no limite, pode levar à cirrose e ao câncer hepático. Com isso, o órgão que tem a importante função de eliminar substâncias tóxicas do corpo pela filtragem do sangue, fica totalmente comprometido.
O diagnóstico para a hepatite C é feito pelo teste anti-HCV, que identifica anticorpos no sangue que tentaram lutar contra o vírus. O teste está disponível no Sistema Único de Saúde, mas as entidades exortam para que o exame faça parte da rotina clínica de médicos em populações mais vulneráveis.