Notícia: Tratamento com uma injeção mensal pode conter vírus HIV

Publicado em 24 de jul. de 2017

Tratamento com uma injeção mensal pode conter vírus HIV


Tratamento com uma injeção mensal pode conter vírus HIV

As atuais terapias antirretrovirais são capazes de conter a infecção por HIV, mantendo a carga viral indetectável, mas para isso é preciso empenho do paciente, que precisa tomar um comprimido diariamente. Um novo formato de tratamento pode facilitar a vida dos soropositivos, fornecendo as drogas com apenas uma injeção por mês.

— A observação do tratamento segue sendo um grande desafio na luta contra o HIV — afirmou David Margolis, envolvido no estudo publicado nesta segunda-feira na revista “Lancet” e apresentado na Conferência Internacional de Investigação sobre a Aids, que acontece em Paris, em entrevista à AFP. 

Segundo o pesquisador, a interrupção do tratamento pode minar a eficácia dos medicamentos e favorece o surgimento de cepas resistentes do vírus. Uma injeção, com efeito prolongado, faz sentido para evitar esses problemas. No estudo, cientistas combinaram o medicamento cabotegravir, do laboratório ViiV Healthcare, filial da GSK, Pfizer e Shionogi; com a rilpivirina, da Johnson & Johnson, e alcançaram resultados semelhantes com os dos antirretrovirais em pílula.

Participaram do estudo 230 pacientes com carga viral indetectável, que receberam a injeção a cada quatro ou oito semanas, durante dois anos. No fim do período, 87% dos pacientes que receberam o medicamento a cada quatro semanas continuaram com a varga viral indetectável, e entre os que receberam a cada oito semanas o resultado foi ainda melhor: 97%.

 

Essas taxas são comparáveis com o grupo de controle, com 56 pacientes, dos quais 84% mantiveram a carga viral indetectável tomando as pílulas diárias. Para Paul Stoffels, diretor científico da Johnson & Johnson, o tratamento de longo prazo “poderá oferecer uma alternativa eficaz e aceitável para as pessoas que alcançaram carga viral indetectável, mas que têm dificuldade para seguir o tratamento oral diário para controlar o HIV”.

Contudo, foram relatados alguns efeitos colaterais, com a maioria dos pacientes sofrendo dores no local da injeção, e alguns apresentaram diarreia ou dores de cabeça.

— Temos que escolher entre o conforto de não ter que seguir um tratamento oral diário e as desvantagens associadas com a terapia antirretroviral em injeção de ação prolongada, particularmente em países onde não há problemas de disponibilidade de pílulas — disse Mark Boyd, da Universidade de Adelaide, na Austrália.


Fonte: O Globo

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