O medicamento chamado Truvada está sendo estudado para prevenir o vírus da Aids e estudos têm comprovado sua eficiência. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que esses comprimidos sejam dados aos grupos de risco. Um infectologista da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu (SP) acompanha sete garotas de programa, que há cinco anos tomam o remédio e, segundo a pesquisa, nenhuma delas pegou o vírus da Aids, mesmo fazendo sexo sem o uso do preservativo, em algumas ocasiões.
No Brasil, o medicamento deve ser distribuído gratuitamente pelo SUS até o fim deste ano. Segundo o infectologista Alexandre Barbosa, basta tomar um único comprimido por dia para diminuir a chance de ser contaminado pelo vírus da Aids. O remédio chamado de profilaxia pré-exposição é uma combinação de vários componentes.
"Os estudos que analisaram a mistura desses componentes no combate ao HIV em que os pacientes fizeram o uso de todas as tomadas foi de 100%, ou seja, não houve falha naqueles pacientes que tomaram a medicação corretamente", explica o médico infectologista Alexandre Barbosa.
Há pouco mais de cinco anos o infectologista da Unesp faz um trabalho com o uso desse medicamento com sete garotas de programa de Botucatu, que em algumas ocasiões fazem sexo sem camisinha. "Nesse período de cinco anos, nenhuma das garotas foi contaminada."
Medicamentos
Desde 2014, o medicamento é recomendado pela OMS para pessoas que fazem parte dos grupos de alto risco de infecção pelo HIV. A eficácia do truvada, como é comercialmente conhecido, foi comprovada por quatro estudos clínicos. O Brasil participou de um desses estudos, que concluiu que o uso diário do medicamento por homens saudáveis, que fazem sexo com homens, conseguiu prevenir novas infecções.
"De quatro a cinco dias é o tempo que a medicação demora para chegar dentro da célula e, entrando dentro da célula, o medicamento vai impedir que o HIV contamine aquelas células quando a pessoa é infectada", explica o infectologista.
A contaminação com HIV ocorre quando o vírus penetra nas células usando uma enzima chamada transcriptase reversa. O truvada bloqueia essa enzima protegendo as células de defesa do organismo. Assim fica mais difícil a penetração do vírus no corpo e o vírus não consegue se multiplicar.
O Ministério da Saúde afirmou que vai incluir o comprimido anti-HIV na lista de medicamentos gratuitos do SUS. Se isso de fato acontecer, o Brasil será o primeiro país a adotar uma política pública de prevenção da doença desta forma.
Por ano surgem 40 novos casos de HIV só em Botucatu, segundo a coordenadora do programa municipal de DST-Aids, Juliane Andrade. Mais de 300 pacientes infectados são acompanhados pelo programa. "É um trabalho de prevenção para pessoa continuar se protegendo e evitar a cadeia de proliferação do vírus, se a pessoa tem uma parceria fixa, orientar esse parceria e temos até pessoas que tem o HIV e não fazem tratamento, então nós orientamos e estamos abertos caso ela mude de ideia, ou seja, fazemos todo esse suporte."
Um homem, que prefere não se identificar, descobriu que tinha contraído o vírus depois que foi parar no hospital por causa de uma convulsão. Ele conta que no início pensava que fosse um tumor, mas então recebeu o diagnóstico. “Foi perturbador. Eu tenho que cuidar bem da alimentação e fazer exercícios porque a medicação aumenta a taxa de colesterol”, conta.
Apesar de ser um método eficaz, o Truvada não evita a contaminação de outras doenças sexualmente transmissíveis, como a sífilis, por exemplo. O Truvada só é eficiente na prevenção do vírus da Aids. Quando a pessoa já foi contaminada, o tratamento é feito com outros medicamentos.
Fonte: G1