Especialistas publicaram um estudo nesta segunda-feira (25) que estabelece uma margem para o número de indivíduos infectados pelo vírus da zika durante a Olimpíada. Como já havia previsto a Organização Mundial da Saúde (OMS) e alguns pesquisadores brasileiros, a probabilidade de um turista ser contagiado no Rio de Janeiro é bastante baixa.
O artigo, publicado no periódico científico “Annals of Internal Medicine”, também diz que o risco de os viajantes espalharem o vírus é mínimo. De acordo com o cálculo feito pelos pesquisadores da Yale School of Public Health, nos Estados Unidos, devem ocorrer de 6 a 80 infecções pelo vírus da zika em viajantes, e apenas de 1 a 16 pessoas atingidas sentirão os sintomas.
O Brasil é o país mais afetado pelo vírus na zika na América Latina. Até a última semana, o Ministério da Saúde havia registrado 165.932 casos prováveis de febre pelo vírus da zika e nascimento de 1.709 bebês com microcefalia. Para a Olimpíada, o país espera receber de 350 mil a 500 mil turistas entre os meses de agosto e setembro.
Cálculo brasileiro
Anteriormente, o professor Eduardo Massad, da Faculdade de Medicina da USP, já havia feito uma estimativa de que cerca de 15 pessoas devem ser infectadas pelo vírus da zika na Olimpíada. O cálculo leva em conta apenas os visitantes.
Ele calculou que a chance de ser picado durante o evento por um mosquito Aedes aegypti é de 3,5%. Já a chance de um turista ou atleta ser infectado é "mínima".
Segundo o professor, o risco individual de dengue é de 5 casos por 10 mil indivíduos. Já no caso da zika, a probabilidade é de 3 casos para cada 100 mil. Caso venham 500 mil pessoas para o evento, como é previsto, Massad avalia que cerca de 15 pessoas sejam infectadas pelo vírus da zika e, no caso da dengue, cerca de 250.
Ainda de acordo com Massad, o mosquito Aedes Aegyptix, da dengue e do vírus da zika, tem picos de transmissão. Em agosto, no entanto, a chance de ser picado é muito menor que em meses como fevereiro.
“A probabilidade de você receber uma picada de Aedes Aegypti no Rio de Janeiro no Carnaval...você tem ideia? 99,9%. É inescapável. Se você for no Rio no Carnaval, você vai ser picada (o) por um Aedes”, disse o professor, demonstrando que há muito mais risco de se visitar o Rio de Janeiro durante o mês do samba.
Recomendações da OMS
O órgão mantém a recomendação de que mulheres grávidas não venham para o Brasil por causa do risco de infecção pelo vírus da zika, relacionado à microcefalia. Mas, assim como os pesquisadores, observa que o risco de doenças transmitidas por mosquitos será menor durante o evento por causa do inverno.
Ainda assim, a orientação é que viajantes usem repelentes, escolham roupas que cubram a maior parte do corpo durante o dia e evitem áreas da cidade com falhas de saneamento básico, onde há mais risco de proliferação dos mosquitos transmissores de zika, dengue e chikungunya.
Os viajantes são aconselhados a colocarem suas vacinas em dia de acordo com o calendário vacinal de seus países de origem. A imunização deve ocorrer de 4 a 8 semanas antes da viagem. A OMS observa que o Brasil já eliminou a transmissão de sarampo, rubéola e poliomielite. Como essas doenças ainda ocorrem em outras regiões, os turistas devem se vacinar para não reintroduzi-las no Brasil.
A vacinação contra influenza foi recomendada para pessoas com risco de complicações, como idosos, pessoas com doenças crônicas e crianças. "Os Jogos Olímpicos e Paralímpicos ocorrerão depois de estação de influenza ter atingido seu pico no Rio de Janeiro em junho e julho. no entanto, há variações regionais e casos ocorrem ao longo do ano no Brasil", afirmou o órgão.
Fonte: G1