Presente na “Cannabis”, o THC pode remover a proteína que causa o mal de Alzheimer. O tetraidrocanabinol (THC) e outros compostos encontrados na cannabis têm potencial para remover a beta-amiloide, proteína que se acumula no cérebro formando placas que prejudicam a comunicação entre os neurônios, características de quem sofre do mal de Alzheimer. A conclusão é de uma pesquisa do Salk Institute, na Califórnia, a partir de testes em neurônios cultivados em laboratório, e fornece pistas para o desenvolvimento de novas terapias contra a doença.
— Apesar de outros estudos oferecerem evidências de que os canabinoides podem ser neuroprotetores contra os sintomas do Alzheimer, nosso estudo é o primeiro a demonstrar que os canabinoides afetam tanto a inflamação quanto o acúmulo de beta-amiloide em células nervosas — diz David Schubert, professor do Salk Institute e coautor do estudo.
De acordo com estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), 47,5 milhões de pessoas convivem com algum tipo de demência, sendo que o Alzheimer é responsável por cerca de 70% dos casos. Ainda segundo a entidade, em 2050 esse universo pode passar dos 130 milhões de pacientes, geralmente idosos com mais de 65 anos.
Sem resposta inflamatória
Essa pesquisa conseguiu demonstrar que a exposição de células nervosas ao THC reduz os níveis de beta-amiloide e elimina a resposta inflamatória das células provocada pela proteína, permitindo que os nervos sobrevivam.
— Inflamações no cérebro são um componente do dano associado ao Alzheimer, mas sempre se acreditou que essa resposta vinha de células imunológicas dentro do cérebro, não propriamente dos nervos — explica Antonio Currais, coautor do estudo. — Quando conseguimos identificar a base molecular da resposta inflamatória para a beta-amiloide, ficou claro que compostos como o THC (e outros produzidos pelo organismo) podem estar envolvidos na proteção das células.
As células cerebrais têm receptores que podem ser ativados por endocanabinoides, classe de moléculas produzida pelo organismo que é usada para a transmissão de sinais pelo cérebro. Os efeitos psicoativos da cannabis são provocados pelo THC, molécula de atividade similar aos endocanabinoides, também capazes de ativar os receptores.
Fonte: O Globo