Notícia: Alimentos têm menos sal, mas hipertensão continua alta no Brasil

Publicado em 30 de jun. de 2016

Alimentos têm menos sal, mas hipertensão continua alta no Brasil


Um acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a indústria alimentícia já permitiu a retirada de 14.893 toneladas de sódio da comida industrializada entre 2011 e 2015
Alimentos têm menos sal, mas hipertensão continua alta no Brasil

Um acordo firmado entre o Ministério da Saúde e a indústria alimentícia já permitiu a retirada de 14.893 toneladas de sódio da comida industrializada entre 2011 e 2015. Mas a quantidade de brasileiros com hipertensão, doença associada ao alto consumo de sódio, presente no sal de sozinha, permanece inalterada, pelo menos por enquanto. Um de cada quatro brasileiros sofre com a doença, número considerado alto pelo Ministério.

O acordo entre o governo e a Associação das Indústrias da Alimentação (Abia) foi iniciado em 2011 e está em sua quarta etapa. A primeira teve como alvos macarrão instantâneo, pão de forma e bisnaguinha, com uma redução de 1.859 toneladas de sódio. A segunda envolveu bolos, salgadinhos, batatas fritas, maioneses e biscoitos, com menos 5.793 toneladas. A terceira abrangeu margarina, cereais, caldos e temperos e levou à redução de 7.241 toneladas. A quarta etapa envolve embutidos, como linguiças, presuntos e mortadelas, além de queijos e sopas, e terá seu resultado divulgado em 2017.

O objetivo é retirar 28.562 toneladas do mercado brasileiro até 2020. Segundo o Ministério da Saúde, a cada ano novas metas são traçadas para obter maiores reduções. O Ministério da Saúde também está conversando com a Abia para reduzir o nível de açúcar nos alimentos. Mas há algumas dificuldades para conseguir esses resultados. O sal, por exemplo, não é usado apenas para dar sabor, para também para preservar a alimento, em razão de suas propriedade antioxidantes.

- O sal tem algumas finalidades. Uma delas é o paladar, mas também é antioxidante - afirmou o presidente da Abia, Edmundo Klotz.

- Eu sei que vocês da indústria têm que desenvolver técnicas para substituir o sal e o açúcar. Não é só adicionar. Eles têm um efeito também na composição e no sabor dos alimentos. É preciso de uma tecnologia para que seja substituído. Não é simples, não é uma coisa elementar para a indústria reduzir sal e açúcar sem perder o sabor, o paladar do consumidor - disse o ministro da Saúde, Ricardo Barros.

A Abia reúne 70% das indústria alimentícia do país. O acordo com a entidade levou à análise de 202 produtos de 22 empresas, para verificar se houve de fato redução da quantidade de sódio. Na maioria dos casos, isso ocorreu. Quem não alcançou o resultado esperado é notificado pelo Ministério da Saúde e deve encaminhar uma justificativa à pasta. Não há punição, porém, uma vez que o acordo é voluntário.

Na terceira etapa, cujos resultados foram divulgados hoje, houve um redução na quantidade de sódio em todos os produtos, exceto nos caldos líquidos e em gel. Nessa categoria, houve um aumento de 8,84% na concentração da substância.

Segundo o Ministério da Saúde, a principal fonte de sódio do brasileiro ainda é o sal adicionado na preparação da comida em casa. Só depois vêm o sódio dos alimentos processados e o sal nos alimentos preparados fora de casa.

- Muito importante: você, dona de casa, reduza a adição de sal e açúcar na alimentação em casa, no restaurante. O sal e o açúcar adicionado em casa, pelas próprias pessoas, ainda é a grande parte do consumo - disse o ministro Ricardo Barros.

Segundo a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), que ouviu 54 mil pessoas nas 27 capitais, 24,9% dos adultos brasileiros tinham hipertensão em 2015. Em 2014, eram 24,8%. Em 2006, o índice estava em 22,5%. Em geral, há mais mulheres hipertensas que homens.

O Rio de Janeiro é capital com maior população hipertensa: 30,6%. Palmas é a que tem menos: 15,7%. Segundo o ministério, há uma queda contínua na taxa de internações por hipertensão entre 2010 para 2015, passando de 61 para 41 por cada 100 mil habitantes, queda de 32,8%.

O brasileiro consome muito sal, mas não tem consciência disso. Segundo a pesquisa Vigitel, 14,9% dos entrevistas consideram seu consumo alto. Mas a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, feira em 2008, mostra que 70% consomem sódio em excesso. A média nacional é de 12 gramas por dia, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda cinco gramas no máximo.

A OMS também recomenda que o consumo de açúcar não ultrapasse 10% das calorias diárias. No Brasil, segundo a POF, a média está em 16,3%. de acordo com a pesquisa Vigitel, o diabetes atingiu 7,4% da população brasileira em 2015, acima dos 5,5% de 2006.

Fonte: O Globo



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