O boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde na semana passada mostra dois casos confirmados de microcefalia causada pela infecção por vírus da zika. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que repassa as informações para o Ministério, nos dois casos – um em Londrina, no Norte do estado, e outro em Irati, na região Centro Sul do Paraná - houve o aborto espontâneo por causa da infecção.
No primeiro caso, a gestante tinha 38 anos e sofreu o aborto com 14 semanas – terceiro trimestre da gravidez em fevereiro. Já no segundo caso, a gestante de 19 anos teve a gravidez interrompida no primeiro trimestre, período mais crítico para a infecção pelo vírus da zika. Nos dois casos a presença do vírus foi comprovada por exames do Laboratório Central do Estado do Paraná (Lacen-PR) realizados nas próprias gestantes.
De acordo com Cleide Oliveira, superintendente de Vigilância em Saúde da Sesa, os fetos não chegaram a apresentar a má-formação, mas os casos são confirmados justamente porque é impossível confirmá-los ou descartá-los. “Como os bebês não chegaram a nascer, é impossível saber se de fato eles teriam a má-formação. Como as gestantes foram confirmadas com zika e o aborto aconteceu por conta da infecção, os casos aparecem como confirmados pelo Ministério da Saúde”, explicou. Ainda de acordo com a superintendente, os sintomas da zika, como a febre alta, por exemplo, são condições perigosas durante a gestação e podem gerar o aborto espontâneo.
25 grávidas com Zika
O último boletim divulgado Sesa mostrou 25 grávidas contaminadas pelo zika vírus no Paraná desde agosto do ano passado. Este número inclui as duas gestantes que perderam os filhos por causa do zika. Outras três já tiveram os filhos, que não registraram má-formações - estas, estariam em fases mais avançadas da gravidez, quando os riscos de contaminação do bebê não é tão alto, diz a superintendente na Sesa. Vinte mulheres estão sendo acompanhadas pela secretaria por meio de exames periódicos. A maioria dos casos é registrada no norte do Paraná - são 12 grávidas em Colorado e outras quatro em Maringá.
De acordo com Cleide Oliveira, assim que são diagnosticadas com o vírus da zika, as gestantes são encaminhadas para unidades de referência para que seja feita uma avaliação da mãe e do bebê. “A partir deste momento é preciso acompanhar a evolução deste bebê por ecografias morfológicas para monitorar o seu desenvolvimento”, disse. “O pré-natal desta gestante se torna muito mais sensível”, comentou.
Mais de mil casos no país
Pouco mais de 1,1 mil casos foram confirmados em todo o Brasil e a região mais afetada continua sendo o nordeste - 77,2% de todas as notificações acontecem na região. O Ministério da Saúde investiga todos os casos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso central, quando estes são notificados pelos estados - sejam eles possivelmente relacionados ao zika vírus ou a outras infecções congênitas, já que a microcefalia pode ter outras causas além do zika como sífilis, toxoplasmose e outros agentes infecciosos como a rubéola e a herpes viral.
Fonte: Gazeta do Povo