Um grupo de cientistas está propondo provocar uma "superinfecção" do Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que impede os mosquitos de transmitir o vírus da dengue, da chikungunya e possivelmente da zika. O estudo publicado nesta quinta-feira na revista "PLOS Pathogens".
A bactéria Wolbachia infecta de maneira natural muitas espécies de insetos, mas não o Aedes aegypti. Ao introduzir a bactéria em um mosquito, ela é capaz de bloquear a replicação do vírus, por isso este método poderia reduzir o número de infecções de humanos e levar à eliminação local do problema.
Mas um dos temores dos especialistas é que os vírus sofram mutações e desenvolvam resistência à bactéria e possam ser transmitidos inclusive em mosquitos Aedes aegypti infectados com Wolbachia.
A estratégia para se evitar isso, segundo os pesquisadores, seria aumentar o número ou o tipo de parasitas Wolbachia nas células-hóspede, ou seja, provocar uma "superinfecção" ao injetar uma nova cepa bacteriana em mosquitos que já têm uma.
Os pesquisadores Cameron Simmons, da Universidade de Melbourne, e Scott O'Neill, da Universidade Monash, ambas na Austrália, estão testando a proposta com trabalhos de campo.
Os pesquisadores permitiram aos mosquitos com a "superinfecção" picar voluntários com dengue e determinaram que tinham menos conteúdo do vírus em suas glândulas salivares. Esse resultado sugere que esses mosquitos podem ter menos probabilidades de transmitir o vírus ao picar uma pessoa.
As técnicas para reduzir os contágios são de especial interesse neste momento em que o zika está catalogado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma emergência de saúde internacional.
Fonte: G1