Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que em 2014, 700 mil pessoas morreram devido ao uso de remédios falsificados. Um dos principais motivos para o crescimento do comércio de medicamentos ilegais é o preço acessível, principalmente em tempos de crise econômica. Só no Brasil, a estimativa é de que para cada lote de 100 medicamentos, 20 são falsos, ou seja, um quinto dos remédios comercializados no país.
Em alguns casos, a análise das combinações entre remédios, também conhecidas como interações medicamentosas, pode ser determinante para alguns pacientes. “Muitos destes medicamentos simplesmente não têm o princípio ativo responsável pelo efeito terapêutico, eles são semelhantes aos chamados placebos. Assim, se o enfermeiro ou farmacêutico, por exemplo, realizar o acompanhamento adequado, pode desconfiar de tratamentos que não atingem o resultado esperado e enviar notificações para a Vigilância Sanitária e o Ministério da Saúde”, explica Daniel de Christo, coordenador do curso de pós-graduação em Farmacologia e Interações Medicamentosas do Centro Universitário Internacional Uninter.
Ele ainda destaca que além da identificação de possíveis falsificações, o conhecimento das interações entre remédios e alimentos ou mesmo entre dois medicamentos pode contribuir com a atuação de profissionais em farmácias, postos de saúde e hospitais e evitar problemas para os pacientes. “Um exemplo frequente é a administração do antibiótico tetraciclina com leite. O medicamento forma um complexo com o cálcio presente no leite e desta forma não é absorvido pelo organismo. Outro exemplo é o uso de antibióticos como a azitromicina e anticoncepcionais. O antibiótico acaba reduzindo a nossa microbiota intestinal, responsável por metabolizar o anticoncepcional. Assim, o anticoncepcional não metabolizado pelas bactérias intestinais não é absorvido pelo organismo humano”, destaca Christo.
Ocupando lugar de destaque entre os países que mais consomem medicamentos no mundo, o Brasil registra altos índices de vendas para analgésicos, anti-hipertensivos, descongestionantes nasais e ansiolíticos. “ O trabalho de profissionais que compreendam a interação destes produtos é cada vez mais importante e em alguns casos pode até ajudar a salvar vidas”, comenta o coordenador da Uninter. A especialização pode ser realizada em nove meses, na modalidade a distância, e inclui disciplinas sobre regulamentação, critérios e formas de notificação de eventos adversos além de desvios de qualidade.