Notícia: Comércio de remédios falsificados resultou em 700 mil mortes em 2014

Publicado em 13 de nov. de 2015

Comércio de remédios falsificados resultou em 700 mil mortes em 2014


No Brasil um quinto dos medicamentos comercializados é ilegal. Especialistas em interações medicamentosas podem notificar o problema.
Comércio de remédios falsificados resultou em 700 mil mortes em 2014

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que em 2014, 700 mil pessoas morreram devido ao uso de remédios falsificados. Um dos principais motivos para o crescimento do comércio de medicamentos ilegais é o preço acessível, principalmente em tempos de crise econômica. Só no Brasil, a estimativa é de que para cada lote de 100 medicamentos, 20 são falsos, ou seja, um quinto dos remédios comercializados no país.

Em alguns casos, a análise das combinações entre remédios, também conhecidas como interações medicamentosas, pode ser determinante para alguns pacientes. “Muitos destes medicamentos simplesmente não têm o princípio ativo responsável pelo efeito terapêutico, eles são semelhantes aos chamados placebos. Assim, se o enfermeiro ou farmacêutico, por exemplo, realizar o acompanhamento adequado, pode desconfiar de tratamentos que não atingem o resultado esperado e enviar notificações para a Vigilância Sanitária e o Ministério da Saúde”, explica Daniel de Christo, coordenador do curso de pós-graduação em Farmacologia e Interações Medicamentosas do Centro Universitário Internacional Uninter.

Ele ainda destaca que além da identificação de possíveis falsificações, o conhecimento das interações entre remédios e alimentos ou mesmo entre dois medicamentos pode contribuir com a atuação de profissionais em farmácias, postos de saúde e hospitais e evitar problemas para os pacientes. “Um exemplo frequente é a administração do antibiótico tetraciclina com leite. O medicamento forma um complexo com o cálcio presente no leite e desta forma não é absorvido pelo organismo. Outro exemplo é o uso de antibióticos como a azitromicina e anticoncepcionais. O antibiótico acaba reduzindo a nossa microbiota intestinal, responsável por metabolizar o anticoncepcional. Assim, o anticoncepcional não metabolizado pelas bactérias intestinais não é absorvido pelo organismo humano”, destaca Christo.

Ocupando lugar de destaque entre os países que mais consomem medicamentos no mundo, o Brasil registra altos índices de vendas para analgésicos, anti-hipertensivos, descongestionantes nasais e ansiolíticos. “ O trabalho de profissionais que compreendam a interação destes produtos é cada vez mais importante e em alguns casos pode até ajudar a salvar vidas”, comenta o coordenador da Uninter. A especialização pode ser realizada em nove meses, na modalidade a distância, e inclui disciplinas sobre regulamentação, critérios e formas de notificação de eventos adversos além de desvios de qualidade.


Fonte: G1

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