Ao perceber que muitas crianças diagnosticadas com enxaqueca apresentam dificuldades na escola, pesquisadores da Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp) resolveram investigar se poderia haver alguma relação entre enxaqueca e déficit de atenção.
Liderados pela médica Thais Rodrigues Villa, neurologista-chefe do Setor de Investigação e Tratamento das Cefaleias (SITC) da EPM-Unifesp, os pesquisadores analisaram 82 crianças com idades entre 8 e 12 anos: 30 tinham sido diagnosticadas com enxaqueca, mas ainda não estavam em tratamento, 22 tinham o diagnóstico e já estavam em tratamento e outras 30 eram saudáveis, formando o grupo controle.
Todas as crianças foram submetidas a testes de atenção visual. O resultado foi que as crianças com enxaqueca sem tratamento tiveram um desempenho pior nos testes em comparação com os outros dois grupos, revelando quadros de déficits de atenção seletiva e alternada. Elas apresentaram altos níveis de impulsividade e ansiedade.
Já as crianças com enxaqueca em tratamento apresentaram resultados semelhantes ao grupo saudável: um desempenho melhor no teste de atenção visual e menos ocorrências de impulsividade e ansiedade.
Os pesquisadores também constataram que, entre as crianças em tratamento, houve uma percepção de melhora no desempenho escolar desde o início do atendimento, que inclui remédios para prevenção de crises de enxaqueca.
"Com um tratamento eficaz, é possível que o equilíbrio cerebral seja restabelecido e observamos melhora dos sintomas da enxaqueca e, consequentemente, dos déficits de atenção associados à doença", afirma Thais.