Notícia: 'Viagra feminino' chega ao mercado dos EUA cercado de polêmicas

Publicado em 21 de out. de 2015

'Viagra feminino' chega ao mercado dos EUA cercado de polêmicas


Apesar do nome, efeitos não podem ser comparados aos do viagra 'comum'.
'Viagra feminino' chega ao mercado dos EUA cercado de polêmicas

Precedido por meses de um intenso debate que ainda segue vivo entre a comunidade científica, finalmente chegou o dia e a pílula conhecida como "Viagra feminino" chegou neste sábado (17) ao mercado nos Estados Unidos depois que sua comercialização foi aprovada em agosto.

A flibanserina, que aumenta a libido nas mulheres e seu desejo sexual, pode ser encontrada em farmácias dos EUA a partir de hoje sob o nome comercial de Addyi, convertendo-se assim no primeiro remédio deste tipo disponível especificamente para o público feminino.

Para entender a polêmica surgida em torno deste produto é preciso lembrar em primeiro lugar que, apesar de os consumidores e os meios de comunicação terem batizado estas pequenas pílulas de cor rosa com o nome de "Viagra feminino", seu funcionamento e efeitos não são comparáveis ao do remédio para homens.

"Addyi fornece uma opção de tratamento às mulheres pré-menopáusicas com desordem de desejo sexual hipoativo, enquanto o Viagra está prescrito para o tratamento da disfunção erétil", explicou à Agência Efe a porta-voz da Agência de Alimentos e Remédios (FDA) dos Estados Unidos, Sarah Peddicord.

Foi precisamente a FDA que no último dia 18 de agosto aprovou a comercialização da flibanserina após receber a recomendação de um painel de especialistas.

O Addyi, ao contrário do Viagra, não modifica de nenhuma maneira direta o desempenho das mulheres em suas relações sexuais, mas aumenta seu apetite sexual, o que levou parte da comunidade científica a duvidar sobre sua natureza.

São vários os médicos e farmacólogos que põem em dúvida não só os efeitos do remédio, mas a própria natureza da suposta desordem sexual contra a qual atua a pílula.

"Não existe uma norma estabelecida cientificamente para a atividade e desejos sexuais, e não há provas que a desordem de desejo sexual hipoativo seja uma condição médica", declarou à Efe a professora associada de Farmacologia da Universidade de Georgetown, Adriane Fugh-Berman.

"A desordem de desejo sexual hipoativo é um típico exemplo de um problema que foi patrocinado pela indústria para preparar o mercado para um tratamento específico", acrescentou a professora.

Fugh-Berman publicou em junho (dois meses antes que o Addyi fosse aprovado), junto a duas colegas, Antonie Meixel e Elena Yanchar, um artigo no "Journal of Medical Ethics" intitulado "Desordem de desejo sexual hipoativo: inventando uma doença para vender libido".

Nele, as pesquisadoras apontam a desordem de desejo sexual hipoativo como parte de uma técnica de marketing na qual as companhias desenvolvem as doenças ao mesmo tempo que os remédios.

A pílula modifica três substâncias químicas-chave para o cérebro, aumentando a dopamina e a norepinefrina e diminuindo a serotonina, o que faz aumentar a libido nas mulheres e seu desejo sexual.

Os especialistas da FDA defendem a necessidade de combater o desejo sexual hipoativo porque este pode causar "angústia" em algumas mulheres, e pôr à disposição um "tratamento farmacológico efetivo" pode trazer-lhes benefícios.

Os defensores e críticos do Addyi concordam apenas em uma coisa: alertar para os possíveis efeitos colaterais da pílula, principais responsáveis para o atraso em sua aprovação durante vários meses.

Estes são, como no caso da Viagra para os homens, possíveis desmaios e diminuição da pressão arterial, riscos que aumentam com o consumo de álcool e com o uso de outros remédios que interferem na decomposição da flibanserina no organismo. 



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