Notícia: Cuide bem do segundo coração

Publicado em 29 de set. de 2015

Cuide bem do segundo coração


No Dia Mundial do Coração, não deixe de lado as panturrilhas
Cuide bem do segundo coração

Neste Dia Mundial do Coração (29), o Viver Bem* lembra que o coração não faz todo o trabalho sozinho. As panturrilhas são consideradas corações periféricos, e merecem tantos cuidados e atenções quanto o nobre órgão.

Para sair do coração e irrigar os dedos dos pés ou o couro cabeludo, o sangue arterial é bombeado com uma força intensa para todo o corpo. O caminho de volta, no entanto, não é tão simples, especialmente quando a direção é de baixo para cima. Sem a ajuda da gravidade, o sangue venoso deve subir a distância aproximada de 1,20 metros e, para isso, conta com a colaboração dos chamados “corações periféricos”, sendo o principal apanturrilha.

Os músculos que formam a panturrilha são envoltos por estruturas firmes, conhecidas por aponeuroses que, no movimento de contração durante o andar, aumentam a pressão dentro da cavidade. A pressão nas veias impele o sangue para cima, e até mesmo os ligamentos e a gordura dos membros inferiores colaboram com este processo essencial para a “limpeza” do sangue. “Funciona como o movimento de ordenhar a vaca. Quando caminhamos, a nossa panturrilha empurra o sangue de volta ao coração”, explica Luiz Fernando Kubrusly, cirurgião vascular do Hospital Vita.

As válvulas ou valvas presentes nas veias direcionam o caminho correto, e evitam que o sangue volte ao pé durante a subida. Se tem o hábito de ficar em pé por muito tempo, as valvas lutam contra a gravidade e  cria-se uma comunicação entre os dois sistemas responsáveis pela circulação venosa, o profundo e superficial. “Quando há esta ligação, as varizes ficam mais aparentes e surge o risco de uma trombose venosa. As varizes são o indicativo da insuficiência venosa, mostrando que o sistema começou a ficar caótico porque a drenagem piorou e não sofre o efeito da panturrilha”, afirma Kubrusly.

Força insuficiente

O principal problema decorrente da panturrilha enfraquecida é a Insuficiência Venosa Crônica, indicada pelo surgimento das varizes. As valvas nas veias não aguentam levar o sangue, que permanece acumulado na perna. O causador da anomalia, segundo José Carlos Costa Baptista-Silva, chefe da disciplina de Cirurgia Vascular e Endovascular da Escola Paulista de Medicina, é o sedentarismo aliado à obesidade. “Os fatores propiciam o aparecimento de um número maior de doenças venosas, como as varizes e a trombose venosa, acidentes vasculares cerebrais (derrames) e doenças arteriais, como infarto do miocárdio (músculo do coração), gangrena e até mesmo amputações”, explica.

Além das varizes, outros sintomas que podem indicar um início da insuficiência sãodores nas pernassensação de queimação nos pés e cansaço nos membros inferiores a partir da metade da tarde. “Há pessoas que, mesmo em dias frios, colocam o pé para fora da coberta porque não aguentam o calor ou que pela manhã calçam bem os sapatos, mas à tarde não conseguem fazê-lo tão facilmente. Estes são sinais indiretos de que o sangue não está voltando direito”, afirma Kubrusly.

A prevenção é básica: caminhada de pelo menos uma hora, três vezes por semana para fortalecer a musculatura da panturrilha. “Se a pessoa puder, no fim do dia, levantar os pés acima da ponta do nariz, esta é uma posição ideal. Ficar parado nesta posição por 10, 15 minutos também ajuda o corpo a drenar o sangue”, sugere o cirurgião cardiovascular.


Créditos da Notícia: Amanda Milléo

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