Neste Dia Mundial do Coração (29), o Viver Bem* lembra que o coração não faz todo o trabalho sozinho. As panturrilhas são consideradas corações periféricos, e merecem tantos cuidados e atenções quanto o nobre órgão.
Para sair do coração e irrigar os dedos dos pés ou o couro cabeludo, o sangue arterial é bombeado com uma força intensa para todo o corpo. O caminho de volta, no entanto, não é tão simples, especialmente quando a direção é de baixo para cima. Sem a ajuda da gravidade, o sangue venoso deve subir a distância aproximada de 1,20 metros e, para isso, conta com a colaboração dos chamados “corações periféricos”, sendo o principal apanturrilha.
Os músculos que formam a panturrilha são envoltos por estruturas firmes, conhecidas por aponeuroses que, no movimento de contração durante o andar, aumentam a pressão dentro da cavidade. A pressão nas veias impele o sangue para cima, e até mesmo os ligamentos e a gordura dos membros inferiores colaboram com este processo essencial para a “limpeza” do sangue. “Funciona como o movimento de ordenhar a vaca. Quando caminhamos, a nossa panturrilha empurra o sangue de volta ao coração”, explica Luiz Fernando Kubrusly, cirurgião vascular do Hospital Vita.
As válvulas ou valvas presentes nas veias direcionam o caminho correto, e evitam que o sangue volte ao pé durante a subida. Se tem o hábito de ficar em pé por muito tempo, as valvas lutam contra a gravidade e cria-se uma comunicação entre os dois sistemas responsáveis pela circulação venosa, o profundo e superficial. “Quando há esta ligação, as varizes ficam mais aparentes e surge o risco de uma trombose venosa. As varizes são o indicativo da insuficiência venosa, mostrando que o sistema começou a ficar caótico porque a drenagem piorou e não sofre o efeito da panturrilha”, afirma Kubrusly.
Força insuficiente
O principal problema decorrente da panturrilha enfraquecida é a Insuficiência Venosa Crônica, indicada pelo surgimento das varizes. As valvas nas veias não aguentam levar o sangue, que permanece acumulado na perna. O causador da anomalia, segundo José Carlos Costa Baptista-Silva, chefe da disciplina de Cirurgia Vascular e Endovascular da Escola Paulista de Medicina, é o sedentarismo aliado à obesidade. “Os fatores propiciam o aparecimento de um número maior de doenças venosas, como as varizes e a trombose venosa, acidentes vasculares cerebrais (derrames) e doenças arteriais, como infarto do miocárdio (músculo do coração), gangrena e até mesmo amputações”, explica.
Além das varizes, outros sintomas que podem indicar um início da insuficiência sãodores nas pernas, sensação de queimação nos pés e cansaço nos membros inferiores a partir da metade da tarde. “Há pessoas que, mesmo em dias frios, colocam o pé para fora da coberta porque não aguentam o calor ou que pela manhã calçam bem os sapatos, mas à tarde não conseguem fazê-lo tão facilmente. Estes são sinais indiretos de que o sangue não está voltando direito”, afirma Kubrusly.
A prevenção é básica: caminhada de pelo menos uma hora, três vezes por semana para fortalecer a musculatura da panturrilha. “Se a pessoa puder, no fim do dia, levantar os pés acima da ponta do nariz, esta é uma posição ideal. Ficar parado nesta posição por 10, 15 minutos também ajuda o corpo a drenar o sangue”, sugere o cirurgião cardiovascular.
Créditos da Notícia: Amanda Milléo