O público que visita o Instituto Butantan, em São Paulo, em breve poderá assistir a demonstrações de como os pesquisadores do órgão extraem os venenos de aranhas e escorpiões para a fabricação de soros. O instituto terminou a construção de um novo prédio que vai abrigar o laboratório de artrópodes, onde serão mantidos esses animais.
O edifício tem uma área de trabalho de cientistas que é envidraçada para que, do lado de fora, os visitantes acompanhem o processo de extração de veneno de aranhas e escorpiões. Os pesquisadores seguram os animais e dão um choque neles para estimular a expulsão de veneno. A expectativa é que o prédio comece a funcionar até o final do ano.
Atualmente, o Instituto tem um conjunto de 45 mil exemplares de aranha-marrom, 100 armadeiras e 5 mil escorpiões. O novo laboratório tem espaços específicos para a criação e armazenamento de aranha-marrom, aranha armadeira e escorpião amarelo, dos quais são extraídos os venenos, e para outros tipos de artrópodes, como lacraias, caranguejeiras e outras aranhas.
O edifício também permitirá que os pesquisadores do laboratórios recebam lagartas Lonomia e extraiam o veneno que é usado em um dos soros.
A área tem quase o dobro do tamanho das instalações atuais e deve contribuir para aumento de 20% a 30% da extração de venenos para a fabricação de soros.No longo prazo, a meta é dobrar o volume produzido.Também há uma central de venenos, onde eles serão processados, armazenados e distribuídos para os laboratórios de pesquisa e produção de soros. O instituto acaba de modernizar e ampliar sua fábrica de soros, que deve ser inaugurada em fevereiro do ano que vem com capacidade de produção de soros até 75% maior do que atualmente.
Referência em tratamento de animais peçonhentos, o instituto produz atualmente 13 tipos de soros que são fornecidos para o Ministério da Saúde para tratar acidentes com serpentes, aranhas, escorpiões e lagartas, além de raiva (em humanos), botulismo, difteria e tétano. Com a inauguração da fábrica reformada, a atual produção de 400 mil ampolas por ano poderá subir para 700 mil ampolas/ ano. Segundo o diretor Jorge Kalil, a atual demanda nacional é por 800 mil ampolas ao ano.