Milhares de africanos do oeste continental que foram infectados pelo vírus do ebola, mas sobreviveram, estão sofrendo de males crônicos, como dores agudas nas juntas e inflamação ocular que pode levar à cegueira, disseram especialistas de saúde nesta sexta-feira.
Os sobreviventes do ebola que resistiram aos surtos mais severos da doença são os que têm mais chances de sofrer problemas médicos constantes, alertaram especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS). A saúde dessas pessoas está se tornando “uma emergência dentro de uma emergência”, segundo o órgão.
— O mundo nunca viu um número tão grande de sobreviventes de uma epidemia de ebola — observou Anders Nordstrom, representante da OMS em Serra Leoa que participou de uma conferência de cinco dias sobre sobreviventes do ebola nesta semana. — Temos 13 mil sobreviventes nos três países (mais afetados, Guiné, Libéria e Serra Leoa). Isso é novo, tanto do ponto de vista médico quanto do social.
O maior surto até então havia ocorrido em Uganda, em 2000 e 2001, com 425 casos. A atual epidemia na Guiné, Libéria e Serra Leoa alcançou a marca de 28 mil casos.
Daniel Bausch, da equipe de cuidados clínicos da OMS para sobreviventes do ebola, afirmou que cerca de metade de todos aqueles que derrotaram o vírus agora se queixam de dores nas juntas, e alguns têm sequelas tão graves que não conseguem trabalhar.
Problemas oculares como inflamação, visão prejudicada e, em casos graves, mas raros, cegueira foram relatados por cerca de 25% dos sobreviventes, segundo Bausch. Muitas pessoas que se recuperam da infecção também têm dores de cabeça persistentes, fadiga extrema e dificuldade de concentração.