Após discussões que reuniram mais de 13 mil pessoas, em cinco meses de conferências locais e distritais, os rumos dos próximos quatro anos para a saúde pública de Curitiba foram traçados no último fim de semana (10, 11 e 12/07) quando ocorreu a 13ª Conferência Municipal de Saúde. Cerca de 800 pessoas estiveram reunidas na ocasião para debater ideias e medidas que impactarão diretamente na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) da capital.
Participaram do evento usuários do sistema (contam com 50% das cadeiras), trabalhadores de diversas categorias (25%), gestores e prestadores de serviços (12,5% cada). Em conjunto, definiram 278 propostas ligadas a temas como atenção primária e especializada à saúde; serviços de urgência e emergência; vigilância sanitária; sustentabilidade e qualidade de vida; assistência farmacêutica; gestão participativa; desenvolvimento de recursos humanos; políticas de comunicação; e financiamento e infraestrutura para o SUS.
Até a aprovação final, as proposições foram discutidas, no primeiro semestre de 2015, por mais de 13 mil pessoas em 109 conferências locais, promovidas nas áreas de abrangência de cada unidade básica de saúde da capital, e em nove conferências distritais, ocorridas nas regiões dos nove distritos sanitários de Curitiba. O resultado da Conferência Municipal, ocorrida no Colégio Marista Santa Maria, é um relatório com todas as propostas para que todos os segmentos possam acompanhar a evolução e a execução de cada item.
Após três dias de evento, representantes de todos os setores comentaram a evolução dos trabalhos e ressaltaram o exercício da democracia. "A avaliação do evento é positiva. Tivemos grandes avanços e conquistas. Além disso, grandes disputas fazem parte do processo democrático. Elas são o combustível para movimentar todo esse quantitativo de pessoas em busca de melhorias para o SUS. As propostas têm melhorado ano a ano. É um processo de aprendizagem e aprimoramento", avalia o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Adilson Tremura.
"Vejo a conferência como um momento muito importante, em que a sociedade participa da construção da saúde e da estrutura do SUS. É um conjunto de políticas que vêm ao encontro dos desejos da sociedade. Isso vem enriquecer a qualidade dos serviços e a qualidade de vida das pessoas", diz o vice-presidente da Federação Comunitária das Associações de Moradores de Curitiba, Izael Aquino da Silva, usuário da unidade de saúde Santa Felicidade. "O principal destaque desse evento é o fortalecimento da democracia em meio a opiniões contrárias. Vemos uma maturidade para a construção do SUS Curitiba pelo controle social", afirma o fisioterapeuta Juan Ricardo Sierra, membro do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) Boqueirão e representante do Conselho Regional de Fisioterapia (Crefito 8).
Balanço
Em relação às 331 propostas feitas na 12ª conferência, em 2013, 66% foram contempladas totalmente ou parcialmente pela SMS nos últimos dois anos. Foi a primeira vez na história das conferências que a secretaria deu retorno sobre o andamento das proposições. "É muito gratificante ver que estamos construindo e aprimorando o SUS Curitiba de forma democrática, com a participação daqueles que trabalham e usam os serviços ofertados pela rede. Esse foi o momento de ouvir o que todos os segmentos envolvidos com o sistema têm a dizer para que tracemos ações e estratégias com o objetivo de termos um sistema cada vez mais completo e qualificado", afirma o secretário municipal da Saúde, Adriano Massuda.
Uma das grandes conquistas para a classe farmacêutica na 13ª Conferência Municipal de Saúde, foi a aprovação da proposta de "Ampliar a assistência farmacêutica na Atenção Primária à Saúde, garantindo a presença do profissional farmacêutico, em período integral, em todas as unidades de saúde de Curitiba". Trata-se de mais um grande avanço para a profissão e valorização farmacêutica.
Representaram a classe farmacêutica os seguintes profissionais: Dra. Denise Teresinha Costa, Dra. Linda Tieko Kakitani Morishita, Dr. Maurício Portella, Dra. Sônia Maria Dorneles, Dra. Silmara Aparecida Simioni, Dra. Marina Yoshie Miyamoto, Dra. Vânia Maria Figueiredo Lopes, Dr. Sérgio Satoru Mori, Dra. Lia Mello de Almeida, Dr. Murilo Cereda da Silva, Dr. Luiz Gustavo F. Pires e Dr. Allan K. Lima.
