O setor farmacêutico passa por um frenesi de fusões e aquisições há quase dois anos, e alguns dos maiores nomes da indústria lutam pelo controle de novos medicamentos de alta demanda.
O ano passado estabeleceu o recorde de transações de aquisição no setor, e 2015 já teve um começo forte, com US$ 193,9 bilhões em operações no ramo da saúde anunciadas desde janeiro, de acordo com a Thomson Reuters.
Com a disparada no valor das transações, subiu também o ágio que os compradores estão dispostos a pagar para garantir o controle de remédios novos e potencialmente lucrativos.
Em março, a Pharmacyclics, empresa de biotecnologia que fabrica um único medicamento de combate ao câncer, foi adquirida pela norte-americana AbbVie por US$ 21 bilhões, ágio de quase 50% sobre o valor estimado para a companhia antes de surgir a informação de que ela estava à venda.
Neste mês, a Alexion, que desenvolve medicamentos para o tratamento de doenças raras, fechou acordo para adquirir a Synageva Bio-Pharma, uma rival de menor porte, por US$ 8,4 bilhões, um ágio de 139% ante o valor de mercado da empresa antes do anúncio da transação.
PRECIPÍCIO DE PATENTES
Para muitos, esse é um sinal de que as avaliações das empresas do setor estão saindo do controle. Um dos principais motivos para que empresas concordem em pagar ágios tão altos é porque elas estão sendo forçadas a encarar a perda da exclusividade de alguns de seus remédios mais importantes.
De 2011 para cá, muitas das maiores companhias farmacêuticas estão diante de um "precipício de patentes", o que as leva a adquirir o controle de um medicamento a fim de cobrir as lacunas nas suas linhas de produtos em desenvolvimento.
Por exemplo, o principal remédio da AbbVie, o Humira, que responde por mais de metade das vendas da empresa, começará a perder a proteção de sua patente no final de 2016, o que explica, em parte, porque a companhia se dispôs a pagar tanto pelo Imbruvica, o remédio produzido pela Pharmacyclics.
Fusões e aquisições não são a única maneira de proteger a base de faturamento de um remédio.
Algumas empresas também adotaram uma abordagem mais vigorosa para a gestão de sua propriedade intelectual. Mas elas vêm encontrando forte resistência da parte das entidades que bancam os custos dos sistemas de saúde, que muitas vezes veem os medicamentos genéricos "copiados" como uma de suas melhores armas na luta contra o custo crescente.
Assim que uma patente expira e um remédio perde a sua exclusividade, o mercado é tomado por uma inundação de versões genéricas. Os fabricantes desses remédios genéricos têm autorização para levar seus produtos ao mercado sem submetê-los a testes clínicos prolongados e dispendiosos, o que permite que os vendam a preços inferiores ao do produto original.