A empresa farmacêutica Hospira deve comercializar no Brasil, ainda neste ano, o Remsima, um medicamento biossimilar indicado para doenças como artrite reumatóide, psoríase e enfermidades inflamatórias intestinais. No nicho de remédios biológicos em que o Remsima vai entrar, os gastos anuais estão na casa de R$ 1,3 bilhão. Os biossimilares costumam ser mais baratos do que os medicamentos biológicos de referência.
A presença de biossimilares no mercado brasileiro deverá aumentar o acesso a produtos biológicos e reduzir as despesas com saúde, diz Richard Davies, vice-presidente-sênior e diretor comercial da Hospira. Os medicamento biológicos, derivados da biotecnologia, "são fabricados por biossíntese em células vivas", sendo a principal fonte de inovação da indústria farmacêutica, segundo informações da Interfarma, a associação do setor.
O Remsima é o primeiro remédio biológico aprovado pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) baseado em estudos de comparabilidade, diz Eduardo dos Santos, vice-presidente comercial para a América Latina da Hospira. A biossimilaridade deve ser comprovada por comparação direta com a droga de referência - o Remicade (infliximab), no caso - num estudo clínico único que use os mesmos procedimentos, por uma resolução da Anvisa de 2010, a RDC 55-2010.
O biossimilar é um remédio altamente semelhante ao medicamento disponível no mercado, afirma Sérgio Teixeira, diretor de assuntos médicos da Hospira para a América Latina. "Para que ele seja considerado biossimilar, as eventuais diferenças não podem ter repercussão do ponto de vista de segurança, eficácia e potência desses produtos", explica ele.
Segundo Santos, os gastos no Brasil com os medicamentos com os quais o Remsima vai concorrer totalizam R$ 1,3 bilhão por ano, dos quais cerca de R$ 1,2 bilhão são despesas do setor público. Entre os dois maiores gastos com medicamentos no mundo, oito são com produtos biológicos, exemplifica Teixeira, citando números de 2010.
Santos afirma que, em alguns países da Europa, os biossimilares custam de 10% a 40% a menos do que os medicamentos de referência. A diferença varia muito conforme o país, dependendo de questões como o número de concorrentes e a demanda, diz ele.
A expectativa de Santos é que o produto começará a ser comercializado no Brasil no fim do ano, possivelmente no quarto trimestre. A aprovação do preço deve ocorrer nos próximos meses, segundo ele. Davies diz que a Hospira espera oferecer no Brasil opções de tratamento mais acessíveis, eficazes e de alta qualidade, "que também ajudem a aliviar alguns dos gastos crescentes do país com saúde".
O Remsima foi desenvolvido por uma empresa coreana chamada Celltrion, com quem a Hospira tem um acordo de cooperação de negócios desde 2009. Uma das líderes globais em produtos biossimilares, a Hospira vende remédios biossimilares em 26 países europeus e no Canadá. No ano passado, a receita líquida da companhia foi de US$ 4,5 bilhões.
Em fevereiro, foi anunciado um acordo para que a Pfizer compre a Hospira, numa operação que deve chegar a US$ 17 bilhões. A transação, porém, ainda não foi concluída, e as companhias continuam a operar de modo independente.
Créditos da Notícia: Sergio Lamucci