Um levantamento feito pelo setor de Farmácia Clínica do Hospital do Idoso Zilda Arns indica que 70% dos pacientes atendidos faz uso de pelo menos cinco medicamentos. O uso simultâneo de remédios pode causar interferência direta na ação deles, no metabolismo ou na excreção dos seus componentes. Por isso, o Hospital implantou um programa de assistência farmacêutica para orientar como utilizar esses medicamentos, e também analisar a prescrição e a reconciliação medicamentosa - levantamento dos medicamentos que o paciente tomava antes da internação, com os que foram administrados no período de hospitalização.
Para auxiliar os pacientes internados, os profissionais da Farmácia Clínica adaptaram a orientação de alta para facilitar a compreensão sobre os horários e doses da medicação. Uma tabela foi desenvolvida pelos farmacêuticos com imagens que associam o período do dia, além de facilitar a visualização dos remédios que podem ser tomados no mesmo horário.
“Nossos pacientes são idosos e a maioria dos acompanhantes também o são. Alguns têm dificuldades de entender a orientação e ler os nomes dos medicamentos, por isso o material permite a fácil associação”, descreve a farmacêutica Rubiane Wosniak.
A copeira Zélia Paulino acompanhou a alta de um idoso amigo da família, que fez cirurgia para retirada de cálculo nos rins. Ela recebeu a orientação de alta e aprovou o material. “Facilita muito. Normalmente recebemos a receita branca, cada remédio com um horário, é confuso”, diz.
“Eu olhava a receita de três a quatro vezes para saber se eram os medicamentos corretos”, relata a dona de casa Maria Helena Rodrigues. Acompanhando a filha durante o internamento, as orientações sobre os efeitos adversos que os remédios podem causar foi o que chamou mais atenção. “Achei muito importante as explicações que recebi sobre o risco de sangramento e de como colocar o remédio na sonda”.
Trabalho
A coordenadora de Farmácia Daiana Lugarini explica que o objetivo é ter uma visualização maior do ciclo da medicação, por isso é feita uma entrevista com o paciente, seu cuidador e a família para obter o máximo de informações sobre quais remédios o interno utiliza normalmente. “É o farmacêutico atuando mais diretamente na assistência ao paciente, auxiliando e informando os demais profissionais”, explica.
Para isso, além de orientar a equipe sobre formas de administração e diluição dos medicamentos, os farmacêuticos clínicos verificam as prescrições e conferem a dosagem, frequência e indicação.
“Quando alguma incoerência é encontrada, entramos em contato com a equipe médica para verificar”, explica Daiana.
Unidades de Saúde
Um projeto parecido foi implantado no segundo semestre de 2014 em 54 unidades de saúde de Curitiba. Farmacêuticos dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf) passaram a avaliar os pacientes das unidades que utilizam mais de cinco medicamentos diariamente. Entre as falhas mais comuns na administração dos medicamentos estavam a omissão das doses indicadas, desistência do tratamento após alguma melhora, a ingestão dos remédios em horários errados e a adição de doses que não estavam prescritas.
Na avaliação nas unidades de saúde, os enfermeiros também orientam os cuidadores desses pacientes, explicam sobre o perigo de ingerir esses medicamentos combinados com outros de uso mais esporádicos, como os utilizados para combater dores e cabeça e musculares.
Créditos da Notícia: Prefeitura de Curitiba