A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou para uso terapêutico o canabidiol, um princípio ativo da cannabis sativa. O sinal verde abre caminho para laboratórios brasileiros e estrangeiros investirem em pesquisa e elaboração de novos medicamentos.
Na quarta-feira (14/01), o bloco SP4, sede da GW Pharmaceuticals, dona de um faturamento de US$ 50 milhões no ano passado, estava em clima de festa. No fim da tarde, o presidente da companhia, Justin Gover, repassou aos seus cientistas a notícia de que a Anvisa havia retirado o canabidiol, um dos 80 princípios ativos encontrados na maconha, da lista de substâncias de uso proibido no Brasil. A medida foi aprovada por unanimidade pela diretoria colegiada da Agência, durante reunião em Brasília.
“Uma decisão histórica”, celebrou o executivo. A euforia se explica. A GW Pharmaceuticals, em parceria com o laboratório francês Ipsen e com o espanhol Almirall, é o maior distribuidor de medicamentos à base de canabidiol no mundo, um mercado ainda iniciante, mas que já movimenta US$ 3 bilhões por ano, pelos cálculos da consultoria americana IMS Health. Como o Brasil ocupa a sexta posição do ranking global de medicamentos, com receita de R$ 60 bilhões no ano passado, o sinal verde da Anvisa representa um passo importante para a popularização da substância na América Latina e entre os países emergentes.
“Aplaudimos essa inédita decisão da Anvisa”, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. “A liberação do canabidiol criará uma nova divisão de negócios para a indústria e trará novas possibilidades de tratamento à população.” A decisão, de fato, deve estimular os investimentos em pesquisas por parte dos laboratórios em operação no Brasil. Embora eles ainda não tenham divulgado seus planos em relação ao canabidiol no País, sabe-se que há uma gigantesca oportunidade no horizonte para o desenvolvimento de novos medicamentos.
“Agora que está liberado, os laboratórios interessados em investir nesses medicamentos deverão levar cerca de um ano para iniciar uma eventual produção local”, disse Mussolini. Os laboratórios que decidirem disputar uma ponta do mercado do canabidiol deverão, mesmo após a liberação, obter um registro especial na Anvisa.
Fonte: CFF