A partir do ano que vem, cada medicamento, seja em caixa, seja em ampola ou carteia, deverá sair de fábrica com um código para rastreamento. A determinação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicada no fim de 2013, exige que mais de 400 laboratórios em operação no Brasil iniciem, já neste ano, os testes para monitoramento de seus produtos. Na prática, o fabricante deverá ter o controle total de cada unidade, desde a linha de produção até a casa do consumidor. De olho nessa gigantesca oportunidade de negócio, em um mercado que movimentou R$ 60 bilhões no ano passado, o banco de investimento BTG Pactuai desembolsou R$ 17 milhões, nos últimos dois anos, na estruturação da empresa Rastreabilidade Brasil (R&B), idealizada pelo empresário Amilcar Lopes, ex-presidente da Águas Petrópolis Paulista. "Foi uma aposta feita antes mesmo de a norma sair", afirma Lopes, fundador e CEO da empresa.
"E algo que está acontecendo em todo o mundo e não seria diferente no Brasil." O primeiro contrato da R&B foi fechado, no ano passado, com a paulista Libbs, onde o sistema de rastreamento já está em implantação. "Temos vários testes ainda este outras companhias", afirma Lopes. Entre os laboratórios que negociam a contratação da tecnologia da R&B estão Hypermarcas, Eurofarma, EMS e Aché. A empresa oferecerá um sistema completo, que vai desde a impressão do código bidimensional - Identificador Único de Medicamento (IUM) - até o software de monitoramento usado pelas indústrias e pela Anvisa. No varejo, por meio de aplicativo de smartphone, o consumidor poderá se certificar de que o medicamento está apropriado para consumo, seja pela data de validade, seja por sua origem.
Para a indústria, o rastreamento vai permitir acompanhar o medicamento desde a sua elaboração, passando pelos distribuidores, farmácias, hospitais ou, no caso de compras públicas, nos postos de saúde. "Funciona como um sistema de check-in e check-out, no qual um leitor vai transmitir direto para o sistema a chegada e a saída do produto", diz Lopes. Com isso, espera-se conseguir o máximo de informação do caminho percorrido pelo medicamento e em qual elo da cadeia pode ter havido algum problema, como perda, desvio ou até roubo. "Para a indústria, essa informação ajudará até na gestão dos prazos de validade dos produtos que estão nas farmácias e nos distribuidores", afirma o CEO. Para a consultora de área de saúde da Frost & Sullivan, Rita Ragazzi, o maior beneficiado será o consumidor. "Ele poderá consultar na hora da compra se aquele remédio é adequado para o consumo e denunciar em caso de problemas", afirma.