41° Congresso Brasileiro de Análises Clínicas foi pautado pela valorização profissional

De 1º a 4 de junho, a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) realizou o 41º Congresso Brasileiro de Análises Clínicas, no Centro de Eventos da FIERGS, em Porto Alegre. Com o propósito de aperfeiçoar o conhecimento técnico dos analistas clínicos, discutir o mercado e apresentar, na área de exposição, os mais recentes equipamentos, produtos e serviços do setor, o mesmo é realizado desde 1971 pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC). “Tudo começou em três salas na Universidade de São Paulo, e hoje o Congresso é considerado o maior evento na área laboratorial da América Latina. Temos aqui cerca de 80 estandes e mais de 1.700 inscritos nas atividades”, informa o farmacêutico-bioquímico Irineu Grinberg, presidente da SBAC. Entre conferências, mesas-redondas e minicursos, o CBAC abrange campos como bioquímica, ciência forense, citologia, gestão, hematologia, imunologia, micologia, microbiologia e parasitologia, e em paralelo com o evento acontecem o 14º Congresso Brasileiro de Citologia Clínica, o 2º Núcleo de Gestão e Qualidade Laboratorial e o 1º Encontro de Ciência Forense.

Conforme Grinberg, o segmento laboratorial divide-se entre os aspectos técnicos e os de gestão, e estes precisam ser aprimorados no universo das análises clínicas. “Com o passar dos anos, a gestão laboratorial ficou extremamente prejudicada. Os valores congelados há vinte anos neste setor trouxeram baixa rentabilidade aos laboratórios, então também estamos trabalhando para aperfeiçoar tal área, e o Núcleo de Gestão e Qualidade Laboratorial é uma ferramenta muito importante, pois concentra esforços e apresenta uma programação muito vasta nesse sentido”, diz. A inclusão dos debates e reflexões sobre os processos de marketing e de qualidade para os laboratórios também foram comemoradas pelo presidente da SBAC, que ainda destacou o fato desta edição do Congresso trazer pela primeira vez o Encontro de Ciência Forense, campo que se expandiu nos últimos anos muito em função da incorporação de inúmeras técnicas laboratoriais.

O ano de 2014 marca exatas duas décadas da ausência de reajustes na tabela de exames laboratoriais do Sistema Único de Saúde (SUS), e no 41º CBAC, que teve em sua abertura um simbólico minuto de silêncio, este tema foi amplamente discutido, inclusive com a produção de documento contendo reivindicações de profissionais, sindicatos laboratórios e entidades do setor, que será entregue ao Ministério da Saúde e à Presidência da República. De acordo com o movimento Reajuste SUS para Análises Clínicas, pretende-se a adequação dos valores dos exames, melhorias nas condições de trabalho da classe e alertar para o número alarmante de pequenos laboratórios que, por não conseguirem cobrir os custos de atendimento, ficam impossibilitados de operar ou são incorporados por grandes redes.

Grinberg alerta que 70% dos diagnósticos clínicos derivam de laudos laboratoriais, e que a população deve entender a relevância desse segmento para a saúde pública. “Vestimos camisetas pretas para manifestar adversidade, distribuímos panfletos explicativos sobre a causa e estamos estudando maneiras jurídicas de resolver o cenário. Precisamos mostrar ao povo essas questões e deixar bem claro a importância dos serviços das análises clínicas”, enfatiza.

O fechamento dos pequenos laboratórios também é uma preocupação do farmacêutico Jerolino Lopes Aquino, atual vice e futuro presidente da SBAC – assume o mandato no início de 2015. “Com relação às crescentes fatias de mercado ocupadas pelos gigantes do ramo laboratorial, a tendência é a continuação do encerramento dos trabalhos das menores instituições. Além disso, tal ciclo afetará, inclusive, o consumidor, que acabará pagando mais por esses serviços, então existe a necessidade de sensibilizar o público acerca dessa situação”. Aquino ainda elogiou o caráter reivindicatório do Congresso, e aproveitou a oportunidade para comentar sobre a próxima edição. “Vamos continuar abordando as questões pertinentes da classe, e pretendemos manter o nível científico das atividades, oferecendo um grande evento aos participantes”, afirmou.

O Conselho Regional de Farmácia do Paraná (CRF-PR) marcou presença no evento, representado por  Dr. Arnaldo Zubiolli, Presidente e Dra. Marisol Dominguez Muro, Diretora Secretária.