Pesquisa desenvolvida no Hospital Pequeno Príncipe, premiada nacionalmente, mostrou que a inserção do farmacêutico clínico na Unidade de Terapia Intensiva Cardíaca Pediátrica reduz em 57% os custos com medicamentos para tratamento de infecções. O resultado decorre de um tratamento mais personalizado e do uso mais bem dosado de antibióticos. Essa prática traz outro importante benefício: a redução em cinco dias do tempo médio de internação.
O estudo foi baseado em uma análise comparativa entre 2010 e 2011. No primeiro ano a equipe clínica da UTI trabalhou sem a presença permanente do farmacêutico clínico. No segundo, o profissional participou cotidianamente do setor. A discussão permanente entre médicos, enfermeiros e o farmacêutico permitiu um aprofundamento da análise de cada caso – e os consequentes resultados. No caso da UTI Cardíaca do Pequeno Príncipe, o tempo médio de internação caiu em cinco dias – de 28 para 23.
“Em geral, infecções bacterianas tem boa resposta com antibióticos entre 7 a 14 dias. Após as medidas de intervenção e as auditorias frequentes do farmacêutico, para alguns casos a duração do tratamento foi finalizada em até dez dias”, explica a farmacêutica que liderou a pesquisa, Dra. Marinei Campos Ricieri.
As intervenções sobre o tempo de tratamento e o número de prescrições de antibióticos interferem diretamente sobre o custo. Em 2011, o gasto com antibióticos para os 130 pacientes monitorados passou de R$ 46 mil para R$ 19 mil – 57% a menos.
”A Farmácia Clínica é essencial e estratégica na assistência hospitalar, tanto para a gestão de risco, ajudando a minimizar os erros de medicação, quanto para gerenciamento de recursos”, afirma Marinei. Ela ressalta que a pesquisa contribui para a discussão das políticas institucionais dos hospitais.
Reconhecimento
O estudo obteve reconhecimento nacional. Foi o 1º lugar no Prêmio Jayme Torres de Farmácia, um dos mais importantes da área, concedido pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF). O prêmio será entregue em 20 de janeiro de 2013, durante solenidade em Brasília.
Participaram do estudo o médico pediatra do Controle de Infecção Hospitalar do Pequeno Príncipe, Fábio de Araújo Motta; a médica intensivista, Andrea Lenzi; e a coordenadora do curso de Farmácia da Faculdades Pequeno Príncipe, Rosiane Mello.
UTI
A UTI foi escolhida para o estudo porque é o setor com mais consumo de antibióticos, quando comparado com outras unidades assistenciais. Além disso, reúne procedimentos de saúde complexos.
A atuação do farmacêutico na UTI Cardíaca está associada à criação da EIMA - Equipe Interdisciplinar de Manejo do Antimicrobiano. O grupo técnico é formado por uma farmacêutica, um médico intensivista, um médico do controle de infecção e duas enfermeiras, sendo uma do controle de infecção e outra da UTI. A equipe se reúne no mínimo uma vez por semana para discutir os casos e tomar as providências devidas